Um gesto de amor para com o próximo. Esse foi o sentimento no Hospital Regional São Paulo (HRSP) na última semana, quando duas famílias de pacientes autorizaram a doação de córneas após a confirmação dos óbitos. As captações ocorreram na última quinta-feira (25) e foram coordenadas pela Comissão Hospitalar de Transplantes. As doações foram as primeiras realizadas no HRSP em 2019. Segundo dados da Central Estadual de Transplantes até o fim de março deste ano 106 pessoas aguardavam na fila de espera para receber córneas.
Conforme a coordenadora da comissão, enfermeira Maryellen Cazeraghi, as famílias dos doadores algumas vezes acabam tendo dificuldade de decidir sobre doar ou não órgãos/tecidos de seus entes em função de nunca ter discutido sobre esse assunto em vida. “Uma reflexão que pode nos auxiliar nessa tomada de decisão, é pensar na possibilidade de estarmos do outro lado da história, esperando um órgão ou tecido para transplante. Neste contexto, ‘como eu gostaria que a sociedade agisse?’ Apesar de ser um tema do qual habitualmente fugimos, para não pensarmos em nossa própria morte, é muito importante refletirmos sobre o assunto e informarmos nossa família sobre nosso desejo”, comenta a coordenadora.
Por ser um tecido, a córnea, diferentemente de outros órgãos, pode ser captada até seis horas após o óbito, não havendo necessidade do diagnóstico de morte encefálica, como no caso de captação de múltiplos órgãos. “O procedimento é relativamente simples e dura em média 50 minutos. Após a captação dos tecidos, é realizada a reconstituição ocular com uma prótese específica, portanto, o corpo não sofre alterações na aparência, podendo seguir normalmente os trâmites funerários” explica a coordenadora.
Foto ilustrativa – Unsplash/Surgery