Uma tarde marcada por lágrimas de emoção e de alegria. Assim foi o Encontro de Pais realizado pelo Hospital Regional São Paulo (HRSP). O evento que ocorreu na última quinta-feira (17), marcou o Novembro Roxo e o Dia Mundial da Prematuridade. A ação foi organizada pela CAM – Comissão de Aleitamento Materno do hospital. A programação reuniu quase 50 pessoas, dentre elas famílias de crianças prematuras e que passaram pelo internamento na UTI Neonatal do hospital, médicos e profissionais que integram a equipe multidisciplinar da instituição.
Marianne Mozer é uma das mães que participou do evento com o filho Lucas Benjamin Mozer de Andrade, de seis anos. Ela fez questão de dividir com os participantes a experiência que vivenciou: “Eu internei com graves complicações nas 28 semanas de gestação. Eu e o Lucas estávamos em risco de vida, então nas 29 semanas foi necessário realizar a cesárea de urgência. O Lucas nasceu no dia 24 de junho de 2016, pesando 1.120kg. Ele ficou por 42 na UTI Neonatal. Passou por banho de luz, transfusões, isolamento… Aprendemos a viver um dia de cada vez, vencendo desafios, vibramos em cada ml de leite materno, aprendemos a comemorar o ganho de peso de cinco gramas em um dia, lutamos juntos pela vida… A Neonatal foi nossa primeira casa e a equipe nossa família,” relatou emocionada.
Reencontro
A Enfermeira Daniela Boccalon, Coordenadora da UTI Neonatal, acompanhou todo o período de internação do Lucas e durante o Encontro de Pais, se emocionou ao receber o abraço de gratidão do menino e da mãe. “Meu sentimento é da mais pura gratidão. Recebi aquele bebê tão pequeno e frágil na UTI e agora ver ele grande, saudável e alegre, é muito recompensador, ainda mais porque agora ele entende que nós fizemos parte da vida dele. Aliás, todas as pessoas que passam pela UTI Neonatal, passam a fazer parte da nossa vida, assim como nós da delas. Devido ao tempo de convivência e a intensidade das relações, dentro da UTI, a gente se torna uma grande família. E receber o Lucas, ele mesmo me abraçando e me agradecendo, não tem preço que pague. É nessas horas que a gente percebe o quando fazemos parte da vida das pessoas,” declara a Enfermeira.
Prematuridade
Para todos os presentes no evento, Marianne revelou: “Nenhuma mãe imagina ter um filho prematuro e num piscar de olhos você está ali vivendo uma luta pela sobrevivência, por poder realizar o maior sonho: ter ele nos braços com saúde. Peguei o Lucas no colo pela primeira vez com 14 dias, foi um dos momentos mais esperados da minha vida. Quando eu deitava para dormir à noite, eu orava e pedia à Deus que queria ele nos meus braços. O método canguru foi incrível para nós. A gente aprende com a equipe da Neontal, a ser mãe de prematuro. São tantos cuidados especiais, misturados a insegurança e ao questionamento: como eu vou fazer isso sozinha em casa? O diferencial dessa equipe, é que nos preparam para o pós alta, de forma que a gente se sinta seguros.”
Gratidão
Marianne Mozer conta ainda: “Nós fomos atendidos pela emergência do HRSP, centro cirúrgico, maternidade, UTI Neonatal, pediatria e em todos os setores só temos elogios e gratidão pela excelência e humanização em cada atendimento. Se não fosse vocês todos, nós não estaríamos aqui para contar essa história. Hoje o Lucas tem seis anos. Não teve nenhuma sequela neurológica nem motora. É uma criança alegre e falante, se alimenta muito bem e tem energia de sobra. Ele já está em fase de alfabetização é o nosso maior orgulho, nosso bem mais precioso que a UTI Neonatal nos ajudou a ter,” finaliza a mãe.
Encontro de Pais
Como esse relato, o Encontro de Pais do HRSP contou com emocionantes declarações de gratidão de muitas outras famílias e dos profissionais que atuam no hospital. A Coordenadora da CAM, Luiza Luiza Hammerschmitt Chiappa, destaca que o evento é tradicional na instituição, no entanto, nos últimos anos não foi realizado em virtude da pandemia. “O objetivo da ação é muito nobre: além de falar sobre a prematuridade e tudo o que cerca esse assunto, essa iniciativa visa reunir a equipe do HRSP com pacientes e famílias atendidas pela UTI Neonatal e que inevitavelmente criam vínculos com os profissionais que os acolheram em um momento tão difícil. Nossa intenção também é promover uma troca de experiências entre as famílias que atualmente passam por isso e enaltecer a esperança e a gratidão que envolve todo esse trabalho. Cada família tem uma trajetória muito singular dentro da UTI Neonatal e foi lindo ver o compartilhamento das experiências e de tudo que superaram,” afirmou Luiza.
O número de atendimentos na UTI Neonatal do HRSP é muito significativo: nos últimos quatro anos foram 492 bebês (em 2019 – 166 bebês; em 2020 – 163; e em 2021 – 163 bebês). Somente neste ano de 2022, o Hospital Regional São Paulo já atendeu mais de 140 bebês.