As Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, que administram o Hospital Regional São Paulo (HRSP), de Xanxerê, anunciaram esta semana que adquiriram o imóvel onde está localizada a Casa de Acolhida Santa Bernarda. A casa fica nas proximidades do hospital e fornece hospedagem gratuita para acompanhantes de pacientes que vêm de outras cidades. O projeto existe há mais de quatro anos e até então o HRSP custeava o aluguel do imóvel, que é administrado pela Associação Beneficente de Voluntários Madre Bernarda.

A negociação do imóvel levou alguns meses para ser concluída. No fim da tarde da quarta-feira (06) a notícia da compra foi anunciada para as voluntárias e hóspedes da casa, aproveitando a visita da superiora geral da congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, Ir. Maria Elisa Hincapié, da Colômbia, que está no Brasil há alguns dias.

Em um breve momento de espiritualidade, a superiora geral abençoou o imóvel e falou sobre a missão desenvolvida pelas Irmãs Franciscanas no projeto de acolhimento. “Nossa fundadora, Santa Maria Bernarda, quando canonizada recebeu o título de missionária da misericórdia. E esta casa é um espaço de misericórdia e humanização, onde acolhemos a todos os acompanhantes que necessitam. Todos vivem a mesma experiência, compartilham e, pelos relatos que ouvi aqui, ajudam uns aos outros”, disse Ir. Maria Elisa, afirmando que deseja que ações como esta, se multipliquem em outras locais onde a congregação atua.

A diretora geral do HRSP, Ir. Neusa Lúcio Luiz, frisou o esforço em adquirir o imóvel, dada a importância do projeto para a instituição. “A Casa de Acolhida se tornou um complemento da missão do hospital. Não dá para imaginar o HRSP sem este espaço, pois no hospital cuidamos do paciente e na casa, cuidamos do familiar”, reforça a diretora geral.
 

 

Negociação

Segundo a diretora geral do HRSP, após o falecimento do proprietário do imóvel, no primeiro semestre deste ano, houve uma preocupação da direção do hospital sobre o destino que seria dado pelos herdeiros ao espaço. Em maio, o projeto da Casa de Acolhida foi apresentado, a pedido da Madre Superiora, num encontro das instituições de saúde administrados pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, na Colômbia.

“Após relatarmos a experiência da casa, falamos das preocupações e inseguranças quanto ao futuro. Pedimos orações e deixamos um pedido por escrito, no Santuário da Santa Maria Bernarda, para que ela fosse conduzindo o processo e nos ajudasse a conseguirmos o espaço para continuarmos a missão do hospital. Ao regressar da Colômbia, logo fomos procurados ela família que manifestou o desejo da venda da casa. Pedimos então ajuda para a diretoria da ASSEC [entidade mantenedora do HRSP], pois é um investimento totalmente social, sem nenhum “retorno financeiro”. A diretoria prontamente deu parecer favorável”, resume a diretora geral sobre o processo de negociação.

A casa oferece alimentação, higiene e hospedagem gratuita, por isso sobrevive por meio de doações da comunidade e o valor arrecadado em um Brechó Permanente, montado pelas voluntárias na garagem do imóvel, com funcionamento das 13h30 às 16h30. Cerca de 50 voluntárias se revezam entre a organização da Casa, o Brechó e a visita aos pacientes que necessitam de roupas, fraldas e materiais de higiene. “Recebemos a notícia com muita alegria e gratidão. Isso nos motiva ainda mais a continuarmos com o nosso trabalho diário, pois sabemos que agora temos um espaço garantido para o atendimento de quem precisa de hospedagem”, comemora a presidente da Associação de Voluntários, Bernardete Piaseski.
 
 

A opinião dos hóspedes

A Casa de Acolhida Santa Bernarda desempenha um papel importantíssimo para as famílias e pacientes em tratamento no Hospital Regional São Paulo. Só no mês de outubro deste ano, o projeto abrigou 83 acompanhantes de pacientes do hospital; outras 22 pessoas utilizaram a estrutura da casa para higienizar as roupas no período de internação de seus parentes; e um paciente, que realizou o exame Holter 24 Horas – teste que mede o funcionamento do coração durante 24 horas e ajuda a detectar eventuais anormalidades que se escondem em outros exames mais curtos –, ficou hospedado no local. 

Uma das hóspedes desta semana é a Leoni da Maia Pavão, que mora em Planalto Alegre. Ela e uma irmã se revezam nos cuidados com a mãe, que passou por uma cirurgia cardíaca. Enquanto uma está no hospital, na tarefa de acompanhante, a outra consegue descansar, fazer as refeições e cuidar da higiene das roupas na Casa de Acolhida.

Para a família, ter a estrutura disponível trouxe segurança e bem-estar. “Eu digo que aqui é uma Casa que Deus colocou para nos acolher. Até a minha mãe ficou mais tranquila, pois ela estava preocupada em saber que ficaríamos dormindo no carro, fora do hospital. Fico até emocionada em saber sobre a compra desse espaço, pois sei que não vai servir só para mim. Tem muitos outros na mesma situação que nós, que precisam”, comenta Leoni.
O paciente Ari Francisco Reinesch também ficou hospedado na Casa esta semana. Morador de Guarujá do Sul, ele precisou se deslocar a Xanxerê para realizar o exame Holter 24 Horas. Como precisou instalar o aparelho no dia e voltar ao Hospital no dia seguinte para a retirada do mesmo, a opção da hospedagem foi a escolhida, evitando o perigo do deslocamento.

“Fiquei sabendo ainda na minha cidade que havia essa casa. Fui encaminhado ao hospital para o exame e vim em seguida para cá. Já saí da minha casa preparado e com a minha família tranquila, pois sabiam que aqui eu estaria num local seguro e perto do hospital. Quando cheguei aqui, encontrei mais uma família. Todos têm uma história, um ajuda o outro e os voluntários são bem prestativos”, comenta Ari, impressionado com o projeto.