Na última semana a Diretora Geral do Hospital Regional São Paulo (HRSP), Irmã Neusa Lúcio Luiz, completou 17 anos à frente da instituição. O aniversário de atuação foi na segunda-feira (04). Ao avaliar a trajetória, a diretora diz que o período foi marcado por uma “constante preocupação em oferecer o melhor para a população, através de um atendimento de qualidade, resolutivo e humanizado.”
Ir. Neusa representa a ASSEC (Associação Educacional e Caritativa), a entidade formada pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora. Atualmente, a Diretora Geral do HRSP também preside a Fehosc (Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de SC) e faz parte do Conselho de Administração da Confederação das Misericórdias do Brasil – CMB.
Confira na entrevista.
São 17 anos na Direção Geral do Hospital Regional São Paulo (HRSP). Como a senhora pode definir todo esse período à frente de uma instituição de saúde tão importante para o Estado de Santa Catarina?
Ao mesmo tempo que parece ser um longo período, o sentimento é que tudo passou muito rápido. A constante preocupação em poder oferecer o melhor para a população, através de um atendimento de qualidade, resolutivo e humanizado, nos envolve. Quero destacar que o trabalho é descentralizado, com muito envolvimento das gerências, coordenações e equipes de cada setor. É prazeroso ver e sentir o comprometimento de nossos profissionais e colaboradores, de poder contar com um número expressivo de voluntários, com o apoio da comunidade e com a presença ativa, com a confiança e apoio da ASSEC, entidade mantenedora.
O hospital cresceu muito nestes últimos anos, graças também a confiança e apoio de lideranças políticas e forte parceria com municípios e o Governo do Estado, principalmente através da Secretaria de Saúde.
Os desafios são diários, talvez o maior é garantir o atendimento de qualidade, com profissionais altamente qualificados, equipamentos modernos e equilíbrio financeiro.
Irmã Neusa, no Hospital a senhora representa as Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora, de Passo Fundo – RS, responsáveis pela Associação Educacional e Caritativa (ASSEC), entidade que há 47 anos é mantenedora do hospital. Pessoalmente, o que significa para a senhora representar essas duas entidades tão importantes?
A ASSEC é a entidade formada pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora. Para mim representar as Irmãs e ASSEC, é sentir a confiança pela grande responsabilidade que depositaram em mim. Diante disso, procuro estar em constante sintonia. Mesmo elas não estando fisicamente aqui no hospital, nos acompanham diariamente e tomam conhecimento das situações mais complexas, as principais ações, as dificuldades e as conquistas. Também como missão, procuro garantir que os valores vividos pela nossa fundadora, Santa Maria Bernarda, se tornem conhecidos e vividos por todos os nossos profissionais e colaboradores. Valores estes que se traduzem na Espiritualidade com a marca Franciscana, na humanização, na ética, na qualidade de nosos serviços e na responsabilidade social.
Atualmente o HRSP possui mais de 600 funcionários, realiza milhares de atendimentos, incontáveis cirurgias, internações… Ou seja, é uma estrutura que nunca pode parar. Como é para a senhora administrar tudo isso?
Nós trabalhamos em equipe! Quero ressaltar aqui o trabalho brilhante de nosso Diretor Administrativo, Sr. Fábio Lunkes. Trabalhamos em sintonia, tomamos as decisões em conjunto e com a equipe administrativa (gerentes e coordenadores). É um grande desafio, porém assumido em conjunto!
O HRSP é referência em cardiologia para a região de Caçador até Dionísio Cerqueira – ou seja, atendendo 1,3 milhão de habitantes. Além disso, o hospital também é referência em urgência e emergência para toda a região da AMAI (Associação dos Municípios do Alto Irani). Em toda essa trajetória de administração deste hospital, que momentos mais lhe marcaram?
Posso dizer que são inúmeros os momentos marcantes, mas vou destacar os que primeiro vem em mente. O primeiro é ter assumido a direção praticamente junto ao credenciamento do serviço de alta complexidade em cardiologia (Cerimônia de credenciamento no dia 30/09/2002 e eu iniciei no dia 04/10/2004). Tive o privilégio de participar de toda organização e estruturação do serviço. Fui aprendendo e compreendendo. Em pouco tempo fomos nos tornando referência para mais regiões. Outra marca foi o acompanhamento na elaboração dos projetos de construção dos Blocos 1 e 2. O impacto com demolição da antiga estrutura para iniciar a nova construção. Os projetos de humanização que foram sendo criados e desenvolvidos. Um exemplo o Plantão 4 Patas (cinoterapia), com a presença de cães no ambiente hospitalar e até na UTI. Outro momento forte e gratificante foi o projeto da Casa de Acolhida. No primeiro momento, poder concretizar com o compromisso das voluntárias, em um espaço alugado e posteriormente concretizar o sonho das Irmãs, através da ASSEC, de adquirir o mesmo espaço e colocar a serviço das pessoas que mais precisam. Também vivenciei momentos marcantes, que poderia dizer piores, mas que graças a estrutura do hospital, foi possível prestar o melhor atendimento. Um deles foi o tornado que aconteceu aqui em Xanxerê. O setor de emergência parecia ser um campo de guerra… pessoas feridas, desespero de muitos colaboradores que não conseguiam informações de seus familiares… e outro foi a Pandemia, desde que fomos pensando na organização da estrutura e de atendimentos até o auge do caos, onde ficamos além da ocupação 100% nas UTIs e Unidade de internação Covid. Chegamos a ter 37 pessoas internadas na emergência. Destas, 27 em ventilação mecânica. A fila de ambulância na porta da emergência e os óbitos que foram acontecendo.
Muito tem se trabalhado para ampliar e melhorar ainda mais os serviços, prova disso, são os esforços para a estruturação de uma nova ala do HRSP. Quais são os desafios da direção do HRSP neste momento?
Penso que os maiores desafios é garantir a conclusão da obra, que é de responsabilidade da construtora e Estado, e colocar em funcionamento com todos os equipamentos, equipe de profissionais e recursos que garantam o custeio.
Outro desafio, que já estamos trabalhando, é a reestruturação interna para melhorar ainda mais a gestão. Estamos proporcionando curso de desenvolvimento de líderes aos nossos colaboradores que ocupam cargo de lideranças, para que possam ir aperfeiçoando suas práticas com mais segurança. Enfim, temos vários desafios que por hora estão sendo pensados e planejados.
Além de diretora do HRSP, a senhora também é presidente da Fehosc – Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de SC. Como é o seu trabalho na Federação?
Meu trabalho é de representatividade dos hospitais e entidades filantrópicas de nosso Estado. Isso exige muita escuta das dificuldades e demandas e buscar possíveis soluções junto as instâncias governamentais e conselhos de classe. Também faço parte do Conselho de Administração da Confederação das Misericórdias do Brasil – CMB, em conjunto com as demais federações do Brasil… são 17 ao todo. Essas entidades, aqui no Estado representam 70% dos atendimentos médico hospitalares pelo SUS e no Brasil 53% dos atendimentos SUS. Neste tempo de Pandemia, foram os filantrópicos que garantiram o atendimento à população. Em nível nacional estamos lutando muito forte pela remuneração adequada dos serviços prestados, para poder garantir a missão de levar e/ou proporcionar o acesso à saúde para pessoas mais carentes. Aqui no Estado, estamos em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, fazendo uma releitura e melhorando a Política Hospitalar Catarinense, que será uma política de Estado, para garantir o melhor atendimento à população. Diante disso, foram criados vários grupos de trabalho, com temas específicos, onde acompanho cada um. Esses são alguns trabalhos, além de toda reorganização interna da FEHOSC, pois é uma entidade com poucos recursos financeiros e que precisam ser muito bem geridos para poder se manter e cumprir sua missão.