O alcoolismo é considerado uma doença crônica pela Organização Mundial da Saúde – OMS e o consumo aumento 43% nos últimos 10 anos.
Para que as pessoas possam ter mais consciência sobre o uso de bebidas alcoólicas e seus malefícios, o dia 18 de fevereiro é lembrado como o “Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo”. Uma dúvida muito comum é se o consumo de bebidas alcoólicas pode aumentar o risco de desenvolver um câncer. E a resposta é positiva. A relação entre o álcool e o câncer tem sido avaliada no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), por meio de estudos, que estabelecem uma associação epidemiológica entre a ingestão da bebida e a doença na cavidade bucal e no esôfago.
De acordo com a médica Daiana Dambroso, membro do corpo clínico e do departamento de cardiologia do Hospital Regional São Paulo – HRSP – o Alcoolismo é uma doença crônica que, além da dependência psicológica e dos problemas causados ao sistema digestivo, causa uma série de doenças ligadas ao coração. Ela explica que o problema, de modo geral, não é o consumo em si, e sim, o excesso. “Pessoas que não sabem controlar a quantidade de bebida alcoólica que consomem estão mais propensas a desenvolver várias doenças, sendo grande os danos ocasionados no sistema cardiovascular, como o desenvolvimento de hipertensão arterial, AVC (acidente vascular cerebral), infarto agudo do miocárdio, arritmias cardíacas e até morte súbita”, comentou.
A médica destaca ainda que é importante lembrar que as bebidas alcoólicas, principalmente as destiladas como uísque, vodca, licor e cachaça, além de apresentarem teor alcoólico geralmente maior, são pobres nutricionalmente (não alimentam) e possuem alto calor calórico. Uma lata de cerveja, por exemplo, segundo ela, fornece aproximadamente 150 calorias, praticamente o mesmo que um pão francês. “Além disso, o álcool eleva o nível de cortisol (o hormônio do estresse) no organismo, e isso tende a aumentar o desejo por comidas cheias de açúcar e gordura. Isso favorece o ganho de peso, a obesidade e as chances de desenvolver diabetes. Aumenta ainda os níveis de triglicerídeos que, combinados com colesterol LDL elevado ou HDL baixo, estimula o depósito de gordura na parede das artérias e, mais uma vez, amplifica o risco de infartos cardíacos e cerebrais”, esclareceu a Daiana.
Daiana enfatiza ainda que a lista não para por aí, com o tempo, o consumo descontrolado desse tipo de bebida amplia as chances de insuficiência cardíaca (a falência estrutural e funcional do coração). “Se for da vontade do paciente, a recomendação varia, mas um bom limite é que as mulheres não tomem mais de uma dose por dia e os homens duas, além de não beber mais de cinco vezes por semana (sempre avaliando com cuidado os possíveis danos causados pelo consumo do álcool, como o risco de acidentes automobilísticos, de desenvolvimento de cirrose hepática e o risco de abuso dessa substância, e todas suas consequências indesejadas tanto para o paciente, quanto para seus familiares”, recomendou.
Saiba mais
A Organização Mundial da Saúde – OMS considera o alcoolismo uma doença química crônica. Nela, o indivíduo consome álcool compulsivamente e se torna tolerante aos efeitos causados pela droga, desenvolvendo, desta forma, sintomas de abstinência quando a substância lhe é retirada.
O consumo de álcool aumentou mais de 43% no Brasil nos últimos 10 anos, diz o OMS. Além de estar diretamente associado a diversas doenças graves como infarto, hepatite alcoólica e cirrose, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas também pode causar problemas de fertilidade, tanto em homens quanto em mulheres.
Segundo Organização Mundial de Saúde – OMS – o consumo excessivo de bebidas alcoólicas está relacionado ao surgimento / agravamento de doenças graves, além de causar transtornos comportamentais. O alcoolismo é a terceira maior causa de mortes no mundo – está relacionado a 2,5 milhões de mortes ao ano –, por isso, é considerado epidemia.
Segundo a OMS, o Brasil está entre os países que mais consomem bebidas alcoólicas na América Latina. São 8,7 litros de álcool puro por ano, enquanto a média mundial é de 8,4 litros.